Abaixo, uma versão avançada dos problemas de piscina e torneiras, envolvendo cálculo de tempo:
"Uma piscina se enche de água com a ajuda de duas torneiras. Inicialmente, a primeira torneira permaneceu aberta uma terça parte do tempo necessário para encher a piscina valendo-se somente da segunda torneira. A seguir, a segunda torneira, ao contrário, permaneceu aberta uma terça parte do tempo exigido para que apenas a primeira torneira encha a piscina. Feito isso, a piscina foi preenchida até os 13/18 de sua capacidade.
Se, mantendo abertas ambas as torneiras ao mesmo tempo a piscina se enche em 3 horas 36 minutos, calcule o tempo necessário para enchê-la, fazendo uso de cada torneira separadamente."
Solução:
Suponhamos que as capacidades das torneiras sejam q1 e q2 (em litros/min). Assim, a primeira torneira derrama q1 litros d'água em cada 1 min, e a segunda, q2 litros em cada 1 min.
Suponhamos, também, que o volume total da piscina seja v (em litros).
Assim, os tempos que cada uma das torneiras leva para encher a piscina separadamente são (em min):
t1 = v/q1 , t2 = v/q2 (1)
Através da primeira condição do problema, chegamos à seguinte equação (o símbolo * indica multiplicação):
q1*(1/3)*t2 + q2*(1/3)*t1 = (13/18)*v
(1/3)*(q1t2 + q2t1) = (13/18)*v
q1t2 + q2t1 = (13/6)*v
Usando os valores de t1 e t2 da equação (1) e substituindo-os na relação acima, chegamos em:
q1*(v/q2) + q2*(v/q1) = (13/6)*v
v*(q1/q2 + q2/q1) = (13/6)*vq1/q2 + q2/q1 = 13/6
Multiplicando ambos os membros da equação por q2/q1 chegamos à seguinte equação de 2º grau:
(q2/q1)2 - (13/6)*(q2/q1) + 1 = 0
cujas raízes são q2/q1 = 3/2 , e q2/q1 = 2/3.
Agora, através da segunda condição do problema, escrevemos a equação:
v = (3*60 + 36)*(q1 + q2) = 216*(q1 + q2)
Usando a relação acima na equação (1), temos:
t1 = 216*(q1 + q2) / q1t2 = 216*(q1 + q2) / q2
Agora, basta desenvolver o finalzinho do cálculo e "partir pro abraço". Vejamos:
t1 = 216*(1 + q2/q1) = 216*(1 + 3/2) = 540 min (9 horas)
t2 = 216*(q1/q2 + 1) = 216*(2/3 + 1) = 360 min (6 horas)
Há, evidentemente, uma segunda solução (não foi estipulada qual das torneiras é a "mais lenta"):
t1 = 6 horas , t2 = 9 horas
Resposta: Portanto, uma das torneiras leva 6 horas para encher sozinha a piscina, enquanto que a outra leva 9 horas.
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Relação de inclusão e implicação lógica
Vimos que uma propriedade pode ser expressa por um conjunto. De forma geral, se um conjunto A, cujos elementos possuem uma propriedade p está contido em um conjunto B, cujos elementos possuem uma propriedade q, dizemos que todos os elementos de A são também elementos do conjunto B. Dessa forma, é correto dizermos que cada um dos elementos de A possui a propriedade q, característica dos elementos que formam o conjunto B. Daí, surge a seguinte notação:
p ⇒ q (lê-se: p implica q ou p acarreta q)
Vejamos um exemplo:
Vamos considerar dois conjuntos, A e B, em que:
A = {x | x é natural}
B = {x | x é racional}
Designemos por p e q as propriedades dos conjuntos A e B, respectivamente. Assim, temos:
p: x é natural
q: x é racional
podemos, assim, escrever a implicação lógica:
p ⇒ q , pois de fato:
"Se x é um número natural, então x é um número racional."
"Ser um número natural implica ser um número racional."
Concluindo, então, podemos escrever:
Seja A o conjunto dos elementos de um certo universo U que possuem a propriedade p, e B o conjunto dos elementos desse mesmo universo que possuem a propriedade q. Quando dizemos que:
p ⇒ q
estamos dizendo que A ⊂ B.
A implicação p ⇒ q também pode ser lida assim:
- se p, então q;
- p é condição suficiente para q;
- q é condição necessária para p.
De fato, no exemplo anterior, podemos escrever:
"Ser número natural é condição suficiente para ser número racional." ou ainda:
"Ser número racional é condição necessária para ser número natural."
Mais um exemplo:
No universo dos números naturais, vamos considerar as propriedades:
- p: n é um número natural que termina com 3;
- q: n é um número natural ímpar.
Então A = {3, 13, 23, 33, 43, ...},
B = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, ...} e p ⇒ q ou A ⊂ B.
p ⇒ q (lê-se: p implica q ou p acarreta q)
Vejamos um exemplo:
Vamos considerar dois conjuntos, A e B, em que:
A = {x | x é natural}
B = {x | x é racional}
Designemos por p e q as propriedades dos conjuntos A e B, respectivamente. Assim, temos:
p: x é natural
q: x é racional
podemos, assim, escrever a implicação lógica:
p ⇒ q , pois de fato:
"Se x é um número natural, então x é um número racional."
"Ser um número natural implica ser um número racional."
Concluindo, então, podemos escrever:
Seja A o conjunto dos elementos de um certo universo U que possuem a propriedade p, e B o conjunto dos elementos desse mesmo universo que possuem a propriedade q. Quando dizemos que:
p ⇒ q
estamos dizendo que A ⊂ B.
A implicação p ⇒ q também pode ser lida assim:
- se p, então q;
- p é condição suficiente para q;
- q é condição necessária para p.
De fato, no exemplo anterior, podemos escrever:
"Ser número natural é condição suficiente para ser número racional." ou ainda:
"Ser número racional é condição necessária para ser número natural."
Mais um exemplo:
No universo dos números naturais, vamos considerar as propriedades:
- p: n é um número natural que termina com 3;
- q: n é um número natural ímpar.
Então A = {3, 13, 23, 33, 43, ...},
B = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, ...} e p ⇒ q ou A ⊂ B.
Sobre "silogismos" e introdução à "implicação lógica"
Sabe-se que, dados dois conjuntos A e B, a relação A ⊂ B chama-se relação de inclusão.
A relação de inclusão possui três propriedades básicas, a saber: propriedade reflexiva, anti-simétrica e transitiva. Esta última é especialmente importante para os estudos que envolvem a implicação lógica, os silogismos e o método dedutivo.
Vejamos: Dados os conjuntos P, B e S quaisquer de um determinado universo U, temos:
- Se P ⊂ B e B ⊂ S, então P ⊂ S (propriedade transitiva)
Todos os conjuntos representam ou são representados por uma propriedade específica dos seus elementos.
Vamos supor, assim, que o conjunto P é formado exclusivamente por paulistas (essa é a propriedade dos elementos de P); o conjunto B é formado pelos brasileiros (propriedade do conjunto B); e o conjunto C é constituído por todos os sul-americanos (propriedade de C).
Assim, temos:
- P: conjunto dos paulistas
- B: conjunto dos brasileiros
- S: conjunto dos sul-americanos
Todo paulista é brasileiro (P ⊂ B).
Todo brasileiro é sul-americano (B ⊂ S).Então, todo paulista é sul-americano (P ⊂ S).
Vale, portanto, a propriedade transitiva:
Se P ⊂ B e B ⊂ S, então P ⊂ S.
A propriedade transitiva das relações de inclusão vista acima é fundamental nas deduções (método dedutivo, que será comentado em outro post).
No campo da lógica, ela é conhecida como uma forma de raciocínio chamada silogismo.
Essa forma de raciocínio lógico parte geralmente de duas premissas (= princípios) iniciais, tidas como verdadeiras, para a partir delas chegar a uma terceira, igualmente verdadeira, que recebe o nome de conclusão (é a dedução). Eis um exemplo:
Todos os metais são bons condutores e o cobre é um metal (premissas). Então, o cobre é um bom condutor (conclusão/dedução).
É, portanto, exatamente o que estávamos fazendo antes, nos outros exemplos.
As relações de inclusão, a propriedade transitiva, o silogismo... são conceitos entrelaçados no tecido da implicação lógica, sobre a qual falaremos um pouco, logo a seguir.
A relação de inclusão possui três propriedades básicas, a saber: propriedade reflexiva, anti-simétrica e transitiva. Esta última é especialmente importante para os estudos que envolvem a implicação lógica, os silogismos e o método dedutivo.
Vejamos: Dados os conjuntos P, B e S quaisquer de um determinado universo U, temos:
- Se P ⊂ B e B ⊂ S, então P ⊂ S (propriedade transitiva)
Todos os conjuntos representam ou são representados por uma propriedade específica dos seus elementos.
Vamos supor, assim, que o conjunto P é formado exclusivamente por paulistas (essa é a propriedade dos elementos de P); o conjunto B é formado pelos brasileiros (propriedade do conjunto B); e o conjunto C é constituído por todos os sul-americanos (propriedade de C).
Assim, temos:
- P: conjunto dos paulistas
- B: conjunto dos brasileiros
- S: conjunto dos sul-americanos
Todo paulista é brasileiro (P ⊂ B).
Todo brasileiro é sul-americano (B ⊂ S).Então, todo paulista é sul-americano (P ⊂ S).
Vale, portanto, a propriedade transitiva:
Se P ⊂ B e B ⊂ S, então P ⊂ S.
A propriedade transitiva das relações de inclusão vista acima é fundamental nas deduções (método dedutivo, que será comentado em outro post).
No campo da lógica, ela é conhecida como uma forma de raciocínio chamada silogismo.
Essa forma de raciocínio lógico parte geralmente de duas premissas (= princípios) iniciais, tidas como verdadeiras, para a partir delas chegar a uma terceira, igualmente verdadeira, que recebe o nome de conclusão (é a dedução). Eis um exemplo:
Todos os metais são bons condutores e o cobre é um metal (premissas). Então, o cobre é um bom condutor (conclusão/dedução).
É, portanto, exatamente o que estávamos fazendo antes, nos outros exemplos.
As relações de inclusão, a propriedade transitiva, o silogismo... são conceitos entrelaçados no tecido da implicação lógica, sobre a qual falaremos um pouco, logo a seguir.
Assinar:
Postagens (Atom)